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Arte para lidar com as tragédias naturais do Japão

Publicado por FJSP em Arte e Cultura Estudos Japoneses e Intercâmbio Intelectual 02/03/2012

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Tags: arteGrafitiJapãoTerremotoTiti Freak

Evento gratuito acontece em duas capitais, São Paulo e Curitiba

Arte como ferramenta de reestruturação das esperanças e de ideais de vida. Com este propósito, a Fundação Japão apresenta a palestra gratuita “Arte, um caminho para a reconstrução!” com o artista plástico Titi Freak, no dia 20 de março às 16 h no Pequeno Auditório do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e no dia 21 de março às 12h no Centro de Estudos Japoneses da Universidade de São Paulo – CEJAP-USP, ambos em São Paulo. A última palestra acontece no dia 23 de março às 19h, no auditório do Museu Paranaense, em Curitiba.

As palestras, em São Paulo, fazem parte da programação do “Mês da Amizade e Solidariedade Japão-Brasil: Um Ano após a Tragédia da Região Leste do Japão”, realizado – durante março – pelo Consulado Geral do Japão em São Paulo com o apoio da Fundação Japão em São Paulo.

 

 

O evento é uma extensão do “Community X Graffiti”, projeto realizado pela Fundação Japão e Embaixada do Brasil em Tóquio, em dezembro passado, nos abrigos temporários na cidade de Ishinomaki, na província de Miyagi, nordeste do Japão, região atingida pelo terremoto (o maior registrado na história do país, de acordo com o Serviço Geológico dos EUA (USGS), atingindo a magnitude de 8,9 na escala Richter) seguido de tsunami, em março de 2011. Durante 10 dias, o artista nipo-brasileiro pintou as moradias provisórias, trazendo mais alegria para a comunidade local, além de realizar um workshop com os habitantes, que vivem em contêineres.

 

 

Nas palestras, serão abordadas a vivência que o artista teve com a comunidade, o desenvolvimento do site-specific (obra de arte criada especificamente para um local/ocasião) no Japão e a escolha dos temas das pinturas, que ganharam um tom leve e celestial, diferentemente das características das obras do grafiteiro, conhecido pelo traço forte, e impregnado pelos quadrinhos e tom visceral da streetart.

 

 

“Me compensou ver nos olhos dos senhores japoneses a admiração e o interesse nas pinturas, reconheci que a força maior que temos é a humildade e solidariedade, nesta troca de informações”, afirma ele, que também é casado com a artista japonesa Yumi Takatsuka, com quem lançou duas gravuras (“Gimbate” e “Boi Diabo”, respectivamente), em abril de 2011, na Galeria Choque Cultural, com renda revertida para a Cruz Vermelha do Japão.

Seus desenhos podem ser vistos por diversas ruas de São Paulo, assim como no Beco do Aprendiz, com entrada pela Rua Belmiro Braga, na Vila Madalena. Juntamente com outros grafiteiros, como Zezão, Speto, Flip, NUNCA e Osgêmeos (formado pelos irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo), o grafite brasileiro ganhou projeção mundial.

 

Repertório amplo e apuro de linguagem

“Titi Freak é um artista muito criativo e sincero naquilo que faz. Sua obra esta sempre em constante evolução, sua fonte de pesquisa é muito ampla e transita por inúmeras fontes fazendo com que seu repertório sempre nos surpreenda”, declara o artista plástico Alex Hornest (conhecido como Onesto) e ex-curador do Cavalera Art Projects, com quem já trabalhou junto pintando painéis, em SP e RJ, em 1999/2000, entre outras ocasiões.

 

Já a curadora independente Juliana Monachesi considera que Titi, junto de outros artistas de sua geração, conseguiu encontrar uma especificidade  para o grafite dentro do museu. “Em mostras como a do Masp e a da Choque Cultural na Fortes Vilaça (2006), ele demonstra que não tem a ingenuidade de pensar que o grafite meramente transposto para o espaço institucional, tal e qual seria feito na rua, cumpre a sua função. Quando ele cria uma obra, para apresentar na galeria/museu, carrega na mensagem, e em geral traz outros elementos da rua (como pedaços de madeira, o descascado de um muro, etc), o que configura um ambiente contaminado (e completamente anti-cubo-branco) para a melhor apreensão do seu trabalho”.

 

Perfil

Titi Freak (pseudônimo de Hamilton Yokota) nasceu em São Paulo em 1974. Começou a trabalhar, com histórias em quadrinhos, aos 13 anos de idade. Durante 7 anos desenhou para os estúdios de Mauricio de Sousa, Disney e Marvel. Entre 1994 e 1995, começou a desenvolver ilustrações para MTV Brasil e, em 1996, fez seu primeiro desenho em grafite nas ruas paulistanas. Depois disto, colaborou com diversas empresas, de porte internacional como a NIKE, Adidas e Converse.

Tem como um dos focos de sua produção artística a fusão entre o Ocidente e Oriente, discriminação racial e a pobreza. Participou de mostras no Brasil, como a coletiva “De dentro para fora / De fora para dentro”, realizada no MASP, em 2009, além da individual “Sempre”, em 2010, na galeria de arte Choque Cultural. Também realizou mostras nos Estados Unidos (Nova York e Los Angeles), Canadá (Vancouver), Japão (Osaka e Tóquio), Espanha (Madri), Inglaterra (Londres) e Alemanha (Berlim). Lançou o livro autobiográfico “Freak”, em 2009, com tiragem de 1 mil exemplares.