DESTAQUES DA BIBLIOTECA – Edição 01/22

Ao longo deste ano de 2022, a Biblioteca da Fundação Japão em São Paulo destacará nesta seção as novas aquisições (livros, mangás e audiovisuais) que farão parte de seu acervo.

 

LIVROS

Inventing the way of the samurai: nationalism, internationalism, and bushido in Modern Japan.
Oleg Benesch
Oxford University Press, 2016.
Em inglês.
ISBN 978-0-19-875425-1 [952 Be]

O livro examina o desenvolvimento do bushido (caminho do samurai), que é popularmente visto como um elemento definidor do caráter nacional japonês e até mesmo da alma do Japão. Relata seu rápido crescimento através das pessoas, dos eventos e dos escritos, que enfatizavam as virtudes marciais e a lealdade absoluta ao imperador. No início do século XX, o bushido tornou-se a disciplina principal da educação civil e militar e o pilar ideológico do estado imperialista até seu colapso em 1945. Explora ainda os fatores por trás do seu ressurgimento que se provou resistente através de 130 anos de dramas sociais, políticos e mudanças culturais.

Sobre o autor:

Oleg Benesch é pesquisador especializado em história do início da era moderna e do Japão moderno. Suas publicações e seus interesses de ensino cobrem uma variedade de campos incluindo a história intelectual, religiosa e social japonesa, a história intelectual chinesa, assim como a história transnacional da Ásia ocidental moderna.

Inventing the Way of the Samurai – Paperback – Oleg Benesch – Oxford University Press (oup.com)


 

Brincando nas sombras: ficções de raça e negritude na literatura japonesa do pós-guerra
Will Bridges
University of Michigan Press, 2020.
Em inglês.
ISBN 978-0-472-05442-8 [895.6093529 Br]

A ocupação aliada trouxe uma grande afluência de soldados afro-americanos e sua cultura ao Japão. Este rico meio despertou o interesse dos autores japoneses do pós-guerra em ler, interpretar, criticar e incorporar as técnicas da literatura afro-americana e as performances de jazz em seus próprios trabalhos literários. O autor cita como exemplo dois autores notáveis, Kenzaburo Oe e Kenji Nakagami, e argumenta que as “ficções de raça” fornecem visões de como os autores japoneses do pós-guerra repensam a atribuição da raça aos corpos, sejam eles corpos de literatura, a política corporal ou o próprio corpo humano.

Sobre o autor:

Will Bridges é professor assistente de japonês da Universidade de Rochester.

https://www.press.umich.edu/11301772/playing_in_the_shadows


 

Tecnologia de escrita no Japão Meiji: uma história da mídia
Seth Jacobowitz
Harvard University Asia Center, 2020.
Em inglês.
ISBN 978-0-674-24449-8 [302.230952 Ja]

O livro repensa, de forma corajosa, as origens da língua moderna japonesa, da literatura e da cultura visual sob a perspectiva da história dos meios de comunicação, entre o final do século 19 e início do século 20. Documenta a mudança das práticas discursivas que remodelaram os regimes verbais, visuais e literários do período Tokugawa, culminando com a descoberta de um novo estilo literário vernacular a partir das transcrições curtas de contos teatrais (rakugo), defendido posteriormente por grandes escritores como Masaoka Shiki e Natsume Soseki como base para um novo modo de realismo transparente e objetivo.

Sobre o autor:

Seth Jacobowitz é professor assistente de Línguas e Literaturas do Leste Asiático na Universidade de Yale.

Harvard University Asia Center


 

Mishima, aesthetic terrorist: an intellectual portrait
Andrew Rankin
University of Hawaii Press, 2019.
Em inglês.
ISBN 978-0-8248-8308-9 [928.956 Mi]

Mesmo após meio século de seu chocante suicídio ao estilo samurai, Yukio Mishima ainda é visto como uma figura extremamente controversa. Seus escritos e sua história de vida ainda fascinam seus leitores, ao mesmo tempo em que é desprezado por estudiosos que o veem como uma figura frívola cujo trabalho expressava sua própria personalidade mórbida.  Neste livro, o autor se propõe a desafiar essa percepção, demonstrando a inteligência e a seriedade dos trabalhos e pensamentos de Mishima. Cada capítulo do livro examina uma das ideias centrais que ele desenvolveu em seus escritos: vida como arte, beleza como mal, cultura como mito, erotismo como transgressão, o artista como herói trágico, narcisismo como pulsão de morte. Junto com novas leituras de grandes obras de ficção, introduz obras menos familiares em diferentes gêneros. Em sua crítica cultural, Mishima faz uma defesa apaixonada da liberdade de expressão e se posiciona contra todas as formas de autoritarismo e censura. Erudito e autoritário, mas escrito em prosa clara e acessível, este livro é uma leitura essencial para todos aqueles que buscam uma compreensão mais profunda desta figura radical e provocadora.

Sobre o autor:

Andrew Rankin é um escritor britânico que estudou nas universidades de Londres, Tokyo e Cambridge, e viveu por oito anos no Japão.

Mishima, Aesthetic Terrorist: An Intellectual Portrait – UH Press (hawaii.edu)


 

Vida à venda (命売ります/Inochi urimasu)
Yukio Mishima (三島由紀夫); tradução do japonês por Shintaro Hayashi.
Estação Liberdade, 2020.
Em português.
ISBN 978-85-7448-314-6 [895.63 Mi]

Vida à venda, romance de Yukio Mishima, mostra o lado surreal e ácido do autor. Após uma tentativa malsucedida de suicídio, o protagonista Hanio Yamada coloca um anúncio nos classificados: “Vendo minha vida. Use-a como quiser”. O personagem estabelece uma relação de proximidade e cumplicidade com o leitor numa viagem, ora sombria ora irreverente, pelos círculos do submundo dos desiludidos e marginais da estratificada sociedade japonesa. Com personagens bizarros, desfiando histórias dentro de histórias, Mishima cria uma comédia barroca carregada de horror (ou um horror gótico carregado de ironia e crítica social), mergulhando com perspicácia nos desejos e inseguranças da alma humana.

O livro foi publicado originalmente na revista Weekly Playboy do Japão entre maio e outubro de 1968. O livro se tornou um inesperado best-seller quando relançado em japonês em 2015 e adaptado para uma série televisiva em dez episódios em 2018. Foi um dos últimos publicados pelo autor em vida, escrito enquanto finalizava a sua tetralogia O mar da fertilidade, que encerrou sua carreira.

Sobre o autor:

Yukio Mishima, pseudônimo de Kimitake Hiraoka, nasceu em Tóquio em 1925. Estreou na literatura aos dezenove anos, e firmou-se como o grande talento artístico de sua geração após a publicação de Confissões de uma máscara (1949) e Cores proibidas (1951). Mesclando influências ocidentais e orientais, explorando tabus temáticos, como a homossexualidade e o culto ao corpo masculino, a arte era, para Mishima, indissociável de suas ações. Crítico contumaz da ocidentalização e degradação do Japão moderno, permaneceu sempre em luta pela retomada dos valores clássicos do seu país, até cometer o seppuku, o tradicional suicídio ritualístico samurai, em 1970.

Vida à venda (estacaoliberdade.com.br)