DESTAQUES DA BIBLIOTECA – Novembro e Dezembro/2021
Com a realização da Mostra de Cinema Japonês em São Paulo, a Biblioteca destaca livros sobre cinema japonês e como sugestão de leitura indica o livro Rashômon e outros contos, de Ryunosuke Akutagawa, que serviu de inspiração para o filme Rashomon, de Akira Kurosawa.
Em 1897, aconteceu a primeira exibição de filmes no Japão. O primeiro filme produzido no país foi o documentário de curta metragem Geisha no te odori (芸者の手踊り) em junho de 1899. Poucos anos depois, o Japão já estava formando sua própria indústria cinematográfica, produzindo filmes mudos que retratavam aventuras de época e história de samurais injustiçados. Os filmes eram parcialmente sonorizados com a participação dos Benshi, narradores vindos do teatro, que emprestavam não apenas a voz aos personagens, mas também explicavam a trama das histórias antes das projeções. Com a guerra contra a China e a Segunda Guerra Mundial, as salas de cinema foram controladas pelos militares e passaram a exibir filmes educacionais e de propaganda militarista. A produção de filmes passou a ter um caráter de propaganda ideológica. No período anterior e posterior às guerras, Kenji Mizoguchi foi o diretor que teve o maior destaque com seus filmes que retratavam a mulher japonesa. Akira Kurosawa revolucionou os filmes de samurai e desenvolveu histórias nas quais o bem e o mal não são claramente definidos. Fez sua estreia em 1943 com Sugata Sanshiro – uma saga do judo (姿三四郎). Em 1949, o mercado cinematográfico japonês estava recuperado e em crescimento com cerca de 2 mil salas de cinema em funcionamento e quatro grandes estúdios dividindo a maior parte da produção e distribuição de filmes. Recentemente, as produções em desenho animado (animes) têm alcançado alto nível de produção e bilheterias milionárias no Japão e no exterior.
Sites relacionados
https://www.culturajaponesa.com.br/index.php/cultura-pop/historia-do-cinema-japones/
https://www.rosebud.club/post/27042020
Cinema do Japão – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
História do Cinema: Cinema Japonês – Woo! Magazine (woomagazine.com.br)
● LIVROS
Historical dictionary Japanese cinema
Jasper Sharp
Scarecrow Press, 2011.
Em inglês.
ISBN 978-0-8108-5795-7
[791.430952 Sh]
https://rowman.com/ISBN/9780810857957/Historical-Dictionary-of-Japanese-Cinema
O cinema japonês precede o de outros países como o da Rússia, China e Índia, e tem se sustentado sem auxílio externo por mais de um século. Nessa sua longa trajetória, produziu uma variedade de gêneros, incluindo melodramas, romances, filmes de gangster, filmes de samurais, musicais, filmes de terror, filmes de monstros e mais recentemente as animações (animes). Historical Dictionary of Japanese Cinema oferece uma introdução e uma visão geral da longa história do cinema japonês, sendo destinado a pesquisadores, estudantes, professores e leitores em geral. É um recurso para aqueles com pouca ou nenhuma familiaridade com o assunto, organizado para que estudiosos na área possam encontrar informações específicas, com uma introdução que aborda o contexto geral e a cronologia bem detalhada. Mas, a maioria das informações está na seção do dicionário, com entradas bastante extensas sobre os temas do cinema japonês. Além disso, o livro traz 3 apêndices com os nomes das companhias, estúdios e outras organizações cinematográficas, os títulos dos filmes e as pessoas citadas no texto. Traz também um glossário e uma bibliografia.
Sobre o autor:
Jasper Sharp é um importante historiador e curador especializado em cinema japonês, e cofundador do website Midnight Eye, junto com Tom Mes. Publicou vários livros e antologias sobre cinema japonês e asiático, fez curadoria de programas de filmes de vários festivais e museus através do mundo.
Carnal curses, disfigured dreams: Japanese horror & bizarre cinema (1898-1949)
Kagami Jigoku Kobayashi
Shinbaku Books, 2019.
Em inglês.
ISBN 978-1-84068-322-6
[791.436164 Ko]
A história do cinema de terror japonês antes da segunda guerra mundial é uma das menos documentadas, mesmo no Japão. Devido a vários fatores, seja de manuseio, de armazenamento, de catástrofes naturais e de bombardeios, a maioria dos filmes da década de 30 foi destruída. Este livro é uma tentativa de apresentar uma filmografia de antes da guerra nos gêneros de terror, fantasia, ficção científica e mistério. A filmografia foi obtida de registros existentes de distribuição dos filmes japoneses, as descrições dos filmes foram baseadas principalmente em críticas publicadas em revistas sobre cinema japonês no período (principalmente na revista Kinema Junpo, lançada em 1919). Além de listar e detalhar centenas de filmes, o livro inclui numerosas ilustrações e gravuras, reproduzindo mais de 60 fotografias extremamente raras de produção de filmes e imagens de pôsteres e conclui com um índice de todos os filmes citados no texto. A filmografia está ordenada cronológica e alfabeticamente.
SF: The Japanese Science fiction film encyclopedia
J.L. Carroza
Independently published/Orochi Books, 2021.
Em inglês.
ISBN 979-8597187921
[791.43615 Ca]
O cinema de ficção científica no Japão é bem distinto devido ao país ter uma história de desastres, sejam naturais ou não. O livro cobre uma grande variedade destes filmes ao longo de seis décadas, desde os efeitos de Hiroshima até a pandemia do COVID-19. Filmes clássicos Godzilla, Mothra e Gamera, apocalípticos como Submersion of Japan e Virus, e obras excêntricas como The Face of Another e Tetsuo: The Iron Man. Este livro apresenta análises aprofundadas de dezenas de filmes, juntamente com artigos que fornecem informações básicas. Oferece, ainda, informações dos cineastas que deram vida a esses filmes, e de personalidades do gênero como Ishiro Honda, Eiji Tsuburaya, Kobo Abe, Sakyo Komatsu entre outros. O livro deve agradar tanto aos fãs casuais que procuram aprender mais quanto aos iniciados obcecados.
Sobre o autor:
Jules L.Carrozza é um diretor de filmes e comerciais, editor de vídeo e graphic designer. Em uma grande parte de sua vida foi apaixonado por esses filmes. Também é interessado em animes e filmes de Hong Kong. Escreve para websites e publicações como Animerica, Toho Kingdom, Asian Culture Cinema, Monster Attack Team e Otaku USA. Seus mais recentes filmes são o apocalíptico curta de horror Fungus (2019 e o sci-fi filmette Visit (2021) influenciados pela ficção científica japonesa.
● SUGESTÃO DE LEITURA
A Biblioteca da Fundação Japão indica a leitura do livro Rashômon e outros contos de Ryunosuke Akutagawa, com tradução direta de Madalena Hashimoto Cordaro e Junko Ota.
O livro reúne dez contos de diversos períodos da breve trajetória do autor. Rashômon (1915) e Dentro do bosque (1922) retratam a cultura de Heian (atual Quioto) e serviu de base para o filme Rashomon (1950) de Akira Kurosawa. Em Memorando “Ryôsai Ogata” (1917), Ogin (1923) e O mártir (1918), a temática cristã é o fio condutor. Devoção à literatura popular (1917) e Terra morta (1918) têm como pano de fundo a cultura Edo (atual Tóquio). A abertura do Japão para o Ocidente no período Meiji compõe o enredo de O baile (1912). Por fim, dois contos de caráter autobiográfico, do final da vida de Akutagawa, Passagens do caderno de notas de Yasukichi (1923) e A vida de um idiota (1927). Esta é uma nova edição que conta com texto revisto pelas tradutoras, uma nova introdução e acréscimo de notas.
Sobre o autor:
Ryunosuke Akutagawa nasceu em Tóquio, foi adotado pelos tios maternos deixando de usar o sobrenome do pai, Niihara. Quando criança entrou em contato com as traduções de Ibsen e Anatole France. Na primeira juventude, traduziu Yeats, e especializou-se em Literatura Inglesa na Universidade Imperial de Tóquio, período em que se tornou discípulo do escritor japonês Soseki Natsume e passou a escrever os primeiros de seus 150 textos curtos em prosa. Suicidou-se aos 35 anos com uma dose de Veronal.
Sobre as tradutoras:
Madalena (Natsuko) Hashimoto Cordaro tem formação em Artes Plásticas (ECA-USP e Washington University), Letras (português-espanhol-japonês) e Filosofia (doutorado em estética). Seu doutorado, no International Research Center for Japanese Studies, no Japão, tratou de pintura e xilografia erótica do período Edo.
Junko Ota é bacharel em Letras (japonês e português) e doutora em Linguística pela USP e mestre em Letras Japonês pela Osaka University (Japão). Professora doutora do Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e pesquisadora do Centro de Estudos Japoneses da USP. Membro do conselho editorial do periódico Estudos Japoneses.
Ficha técnica:
Rashomon e outros contos
Ryunosuke Akutagawa; tradução de Madalena Hashimoto Cordaro e Junko Ota
Editora Hedra, 2008.
Em português.
ISBN 978-85-7715-094-6
[895.63 Ak]
Rashômon e outros contos (Akutagawa. Editora Hedra) [FIC004000] | Editora Hedra