5. Sugestões da Biblioteca

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Após a leitura do valioso conteúdo sobre Mukashi Banashi, escrito pela Profª Drª Márcia Namekata, a biblioteca gostaria de sugerir dois escritores japoneses, cuja bibliografia de algum modo se relaciona ao tema deste dossiê especial: os renomados Lafcadio Hearn (1850-1904) e Ryunosuke Akutagawa (1892-1927).

Além das obras disponíveis no acervo da biblioteca, muitas das quais traduzidas para o português, vários trabalhos de Hearn, em inglês, e Akutagawa, em japonês, são facilmente acessados na íntegra online. Neste espaço, daremos alguns caminhos.

 

LAFCADIO HEARN (1850-1904)

 

Lafcadio Hearn, 1906. Fonte: wikimedia comons

Nasceu em 27 de junho de 1850, na Grécia, mais precisamente na ilha de Lêucade, conhecida também como Santa Maura ou Lefkada, que dizem ter dado origem ao seu nome. Mudou-se para a Irlanda aos 6 anos de idade, terra natal de seu pai. De nacionalidade grega, irlandesa e mais tarde japonesa, e com estudos na França e Inglaterra, pode ser considerado um cidadão do mundo.

Aos 19 anos de idade, instalou-se na cidade estadounidense de Cincinnati, Ohio, onde iniciou sua carreira jornalística e permaneceu até 1877, mudando-se, desta vez, para Nova Orleans, na Luisiania. Ainda como jornalista, permaneceu por lá até 1891, ano em que foi enviado para o Japão como correspondente comissionado, contrato que logo foi rompido. Mas, o laço sentimental com o Japão foi mais forte, além de fonte de inspiração, o país tornou-se seu lar definitivo. Casou-se com Setsu Koizumi, naturalizando-se japonês e adotando o nome Yakumo Koizumi, converteu-se ainda ao budismo. Mais tarde, foi contratado como professor de literatura inglesa na Universidade Imperial de Tóquio.

Hearn teve interesse especial pelos costumes populares, pelas manifestações culturais japonesas que lhe causavam algum estranhamento, por isso dedicou sua carreira literária a dissecá-la, a captar a força de expressão do povo japonês, sobretudo, através das histórias sobrenaturais da tradição oral.

A Cincinnati & Hamilton County Public Library disponibiliza várias de suas obras integralmente em seu acervo online, inclusive para download gratuito.

Clique aqui e acesse: LAFCADIO HEARN COLLECTION

 

 

MUKASHI BANASHI & CHIRIMEN BON

 

Capa do The Goblin Spider, de Lafcadio Hearn, 1899. Fonte: Cincinnati & Hamilton County Public Library

Segundo a International Library of Children’s Literature da National Diet Library do Japão, os mukashi banashi podem ser vistos como precursores na introdução de literatura infantil japonesa no mundo. Estudiosos estrangeiros, residentes no Japão no final do período Edo e durante o período Meiji, introduziram os contos populares japoneses em seus países, dentre os quais se destaca Lafcadio Hearn, que recontou e compilou diversos contos da tradição oral japonesa.

A partir de 1885, o editor Takejiro Hasegawa iniciou a publicação da série “Japanese Fairy Tale” conhecida como chirimen bon, composta por obras traduzidas, sobretudo, para o inglês, ilustradas com xilogravuras multicoloridas e com encadernação em estilo japonês. Eram utilizadas para introduzir os contos folclóricos, lendas e cultura japonesa em países ocidentais, para onde eram exportados como souvenirs e trabalho de arte fina japonesa, sendo muito populares na época.

A Biblioteca da Monash University, em seu acervo online, disponibiliza 26 obras de diferentes edições, tais como Momotaro, Urashima, the fisher boy. Acesso livre e disponível para download gratuito. Clique aqui e acesse: JAPANESE FAIRY TALES

Para quem quer conhecer um pouco mais sobre o formato chirimen, a biblioteca recomenda os dois trabalhos abaixo, ambos amplamente ilustrados:

 

1. EXPOSIÇÃO em japonês e inglês

Crepe-paper books and woodblock prints at the dawn of cultural enlightenment in Japan

Kyoto University of Foreign Studies, The 60th Foundation Anniversary Rare Books Exhibition, 2007.

Disponível AQUI

 

2. ARTIGO em inglês

Wrinkles in Time: Crepe-Paper Books in Watson Library (The MET Museum)

Por Yukari Hayashida. 2016.

Disponível AQUI

 

 

RYUNOSUKE AKUTAGAWA (1892-1927)

 

Ryunosuke Akutagawa Fonte: wikimedia commons

 

Importante intelectual japonês, nascido em Tóquio no dia 1 de março de 1892, era escritor, tradutor, estudioso dos costumes e tradições japonesas e mundial. Estudou literatura inglesa na Universidade Imperial de Tóquio e foi participante ativo dos movimentos literários de sua época, não à toa um dos mais renomados prêmios literários do Japão tem o seu nome em sua homenagem. Suicidou-se em 24 de julho de 1927, aos 35 anos, após franca deterioração de sua saúde mental e física.

Em sua bibliografia destacam-se os contos, gênero fartamente explorado, cuja inspiração frequente são as narrativas antigas japonesas e as grandes obras clássicas. Seus textos ricos em intertextualidades, ora mais livre ora mais direta, dialogam com contos, causos, lendas, etc., dentre as quais destacaremos, aqui, as de inspiração direta nos mukashi banashi. Seus escritos são marcados pela ironia e uma linguagem apurada e elegante.

Seguem abaixo alguns exemplos de releituras diretas de mukashi banashi feitas pelo escritor:

 

MOMOTARŌ

Momotarō: traduções e percursos no exercício de tradução Japonês – Português

Obra resultado dos estudos integrados da UNESP, Faculdade Messiânica e USP, organização de Neide Hissae Nagae.

Embora seja um trabalho voltado para os estudos e reflexões acerca da tradução literária, é possível desfrutar do texto original de Akutagawa e exemplos de traduções para o português.

Para download gratuito, acesse AQUI

 

猿蟹合戦  Saru kani gassen [A batalha entre o Macaco e o Caranguejo]

Disponível em japonês na Biblioteca Digital AOZORA BUNKO

Para acesso gratuito ao texto, clique AQUI

 

かちかち山  Kachi kachi yama [Montanha crepitante]

Disponível em japonês na Biblioteca Digital AOZORA BUNKO

Para acesso gratuito ao texto, clique AQUI

 


 

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