1. Osamu Dazai

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Shuji Tsushima (conhecido mais tarde como Osamu Dazai) nasceu em 19 de junho de 1909, dois anos após a conclusão da residência da família Tsushima, na parte mais setentrional de Honshu, como o décimo filho da família. A casa incluía não apenas os pais e irmãos, mas outros parentes, desde parentes próximos até primos distantes, além de serventes e empregados, num total de aproximadamente mais de 30 pessoas.

 

Atual Shayokan, Osamu Dazai Memorial Museum (2007)
Antiga residência da família Tsushima
Fonte: wikimedia commons

 

Devido à doença de sua mãe, logo após seu nascimento Dazai foi deixado aos cuidados de uma cuidadora, que deixou a família Tsushima cerca de um ano depois a fim de se casar novamente. Passou, então, a ser criado essencialmente por sua tia, fato que lhe deixou com um sentimento de abandono materno, contribuindo para sua infelicidade.

 

Osamu Dazai, segundo da esquerda para direita.
Fonte: Coleção Digital National Diet Library Japan

 

Seus escritos sugerem uma relação ambivalente com sua família. Segundo Donald Keene (1984, p. 1026) “em várias ocasiões, Dazai insistiu na força dos laços com sua família, mas seu comportamento errático – sua indulgência com a bebida, suas repetidas tentativas de suicídio e até mesmo seu interesse no comunismo foi atribuído a um desejo deliberado de causar embaraço à família.”

Ainda conforme Donald Keene (1984, p. 1026), “a família Tsushima era uma das mais ricas da região, o fundador da fortuna foi seu bisavô que, logo após a Restauração Meiji, estabeleceu uma companhia de comércio que prosperou. Ele usou os lucros para ampliar as propriedades da família, comprando terras abandonadas pelos samurais, que estavam livres para vendê-las depois de 1871. O pai de Dazai ampliou ainda mais o patrimônio financeiro da família. Dazai muitas vezes dizia ser filho de fazendeiros, como forma de se desculpar ao mundo pelos privilégios que desfrutou quando criança.”

 

Osamu Dazai (1948), por Shigeru Tamura (1909-1987)
Publicada em “Dazai Osamu Zenshu”, Yakumo Shoten, 1948.
Fonte: wikimedia commons

 

Antonio Nojiri (apud DAZAI, 1974) no prefácio do livro Pôr-do-Sol, afirma que “na verdade, (…) o escritor jamais em sua vida conseguiu livrar-se do complexo de culpa gerado pela sua condição de filho de um grande proprietário de terras. (…) Além disso, esse complexo, mais o convencimento de que era um ser excepcionalmente dotado para a arte literária, fizeram dele um desse homens com propensão para à autodestruição, isto é, que sentem fortíssima atração do abismo.”

Toda sua obra “gira em torno de quem é fraco e vive à beira da morte. É que, para ele, o forte, por exemplo, nem suspeita da beleza existente nas delicadas flores de campo que se abrem num tempo como o outono, tempo que antecede a morte – o inverno.” (NOJIRI apud DAZAI, 1974)

Seu irmão mais velho assume a liderança da família em 1923, após a morte do pai. Em 1930, Dazai parte para Tóquio, recebendo mesadas mensais de seu irmão, que tinha a expectativa de que ele se graduasse. Porém, Dazai raramente atendia às aulas, ao contrário, passava a maior parte do tempo com afazeres ilegais do partido comunista.

Ainda em 1930, Dazai comete sua primeira tentativa de suicídio amoroso, ou seja, enquanto ainda era um estudante universitário. Tal tentativa permeou ao menos 5 diferentes obras, escritas entre 1932 e 1948.

Dazai, por fim, suicidou-se junto de sua última mulher, Tomie Yamazaki, afogando-se no canal Tamagawa no dia 13 de junho de 1948, em um local que ficava próximo de sua casa. Seus corpos não foram encontrados até o dia 19 de junho, o que coincidiu com o seu aniversário de 39 anos. Ainda hoje, a cada 19 de junho, celebra-se a memória de uma figura única da literatura moderna japonesa.

 


 

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