Artigos


Rezando Preces Budistas e Católicas: A Crioulização de Rituais Zen no Brasil

O artigo não pode ser utilizado total ou parcialmente.

Cristina Rocha
Centre for Cultural Research, University of Western Sydney- Australia

RESUMO:
Neste artigo eu analiso as práticas religiosas dos nikkeis e dos não-nikkeis que seguem o zen budismo. Eu sustento que as múltiplas influências que as práticas religiosas dos nikkeis sofreram desde que chegaram ao Brasil, juntamente com o recente forte interesse pelo budismo na sociedade brasileira deram origem à práticas religiosas crioulizadas. Utilizo o conceito de crioulização para enfatizar a idéia de que a identidade não é formada por uma síntese perfeita de duas ou mais culturas, mas emerge de um processo dinâmico de troca e interação. Neste contexto, o conceito de crioulização ilumina as várias maneiras em que os imigrantes japoneses e seus descendentes sobrepõem um ‘vocabulário’ religioso brasileiro sobre sua ‘gramática’ budista, enquanto que não nikkeis fazem uso de sintaxes católicas, espiritistas, afro-brasileiras e da nova era, como matrizes para um novo vocabulário budista.
PALAVRAS-CHAVE: zen-budismo, crioulização, budismo étnico e de conversão, nikkeis.

ABSTRACT:
In this paper I analyse the religious practices of Japanese Brazilians and non-Japanese Brazilians who adhere to Japanese Zen Buddhism. I argue that the multiple influences that have shaped Japanese-Brazilians religious practices since these immigrants arrived in Brazil in 1908, along with the recent strong interest in Buddhism in Brazilian society have given rise to creolised religious practices. I use the concept creolisation to underscore the notion that identity is not formed through a seamless synthesis of two or more worlds, but rather emerges from a dynamic process of exchange and interaction. In this context, the concept of creolisation can shed light on the various ways in which Japanese immigrants and their descendants have overlaid a Brazilian religious ‘vocabulary’ onto their Buddhist ‘grammar’, while non-Japanese Brazilians use Catholic, French Spiritist, New Age, or/and Afro-Brazilian syntaxes as matrices for new Buddhist vocabulary. Accordingly, while Buddhism in the West is regarded as typically fractured between ‘ethnic’ (defined as devotional and/or repository of the group’s cultural identity) and ‘convert’ (characterised by meditation and rational study of Buddhist texts) practices, I contend that this is not applicable to Brazil. This paper examines several cases where the boundaries between the religious practices of the two congregations blur revealing deep creolisations.
KEYWORDS: Zen-Buddhism, creolisation, ethnic and convert Buddhism, Japanese descendents

O artigo não pode ser utilizado total ou parcialmente.

Baixar o arquivo em PDF Baixar o Adobe Reader