Mostra Sengai, uma exposição virtual 3D do monge zen Sengai Gibon

As 18 peças expostas pertencem ao acervo do Museu de Arte de Fukuoka

 

Apresentamos a Mostra Sengai, uma exposição virtual 3D das obras do monge zen Sengai Gibon. A mostra faz parte do projeto Zen e traz 18 peças entre cores sobre seda e sumi sobre papel, pertencentes ao acervo do Museu de Arte de Fukuoka, que sediou a mostra presencial da exposição, de 25 de outubro a 17 de dezembro de 2023.

As pinturas de Sengai vão do cotidiano ao sublime, trazendo cenas de agricultura e festivais, além de temas tradicionais.

Sengai abriu o mundo da pintura Zen, usando o humor para penetrar todas as barreiras com um toque lúdico e um senso de humanidade calorosa.

Através de seus ensinamentos e de suas pinceladas, o monge é considerado ainda hoje o mestre Zen mais querido da história japonesa.

A mostra está disponível em português, inglês e japonês. Para acessar, basta clicar no idioma desejado abaixo:

 

 

O acesso à Mostra Sengai será disponibilizada até o dia 31 de dezembro de 2024.

 


Sengai Gibon (1750 – 1837)

Sengai nasceu em uma família de agricultores na aldeia de Taniguchi, em Mino. Aos 11 anos ele já se tornava monge sob o comando do abade Kuin do templo Seitaiji. Aos 19, começou a estudar com Gessen Zenne, um dos mais destacados professores Zen do final do século XVIII. Depois de vários anos de prática, Gessen reconheceu o satori de Sengai e concedeu-lhe o inka, o “selo da iluminação”. Após a morte de Gessen em 1781, ele começou sua peregrinação pelo centro e norte do Japão, visitando templos famosos e testando o seu Zen com monges bem conhecidos.

Ofereceram-lhe repetidamente o manto roxo concedido aos abades, mas ele sempre recusou e, em vez disso, usava um manto preto liso. Existem muitos paralelos entre sua vida e a de Hakuin Ekaku: ambos evitaram honras, ambos viveram em templos rurais treinando estudantes e ambos alcançaram a população com seus ensinamentos através da pintura e da caligrafia.

Contam-se mais anedotas sobre ele do que sobre qualquer outro monge Zen devido à sua natureza gentil e inteligência irreprimíveis. Ele viveu seus últimos 26 anos ensinando, viajando, recebendo visitas de todas as classes sociais e fazendo pinturas e caligrafias que se tornavam imediatamente populares. Ele era assediado com pedidos de pessoas de todas as esferas da vida que iam ao seu pequeno subtemplo. Elas traziam papéis e esperavam que ele criasse. Na verdade, suas obras se tornaram tão valiosas em sua época que se diz que pelo menos dez contemporâneos produziam falsificações de suas pinturas.

Sengai ocasionalmente retratava paisagens. Ele pintou a praia de Sode se referindo à sua própria vida, com um poema: “Minha vida fugaz como monge é como um barco abandonado na praia de Sode”. Evoca um determinado lugar em um determinado momento. Desta forma, a pintura difere das visões da natureza retratadas na China. Ela simboliza o novo espírito Zenga, em oposição à tradição japonesa de pintura sumi do período Muromachi (1336-1573).

As pinturas de Sengai vão do erótico ao cotidiano e ao sublime. Ele pintou cenas de agricultura e festivais, bem como temas tradicionais. Sengai abriu o mundo da pintura Zen, usando o humor para penetrar todas as barreiras com um toque lúdico e um senso de humanidade calorosa. A grande quantidade de obras, mesmo considerando a prevalência de imitações, demonstra a frequência com que ele pegava o pincel em seus últimos anos. Através de seus ensinamentos e de suas pinceladas, ele provavelmente foi o mestre Zen mais querido da história japonesa.

 

 Texto de Fernando Carlos Chamas


Conheça também o ensaio “O Zen na Cultura Japonesa”, de Fernando Carlos Chamas, dentro da série Zen: arte, cultura e tradição do Japão, clicando aqui. 

 

 

 

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A arte do título do projeto Zen: arte, cultura e tradição do Japão é uma criação de Suely Shiba, especialista na técnica Sumiê. Nesta obra, “Serenidade”, a artista utilizou pincel tradicional fude, de cerdas macias de animal, papel washi (popular papel de arroz) e tinta sumi (tinta preta de fuligem e cola).
A inspiração está nos traços, que representam a leveza e o movimento circular constante, como nos movimentos do Aikido, e na Flor de Lótus, que simboliza força, beleza, pureza e quietude.