Dossiê – Kenzaburo Oe

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KENZABURO OE (1935 – 2023)

Kenzaburo Oe, Japan Institute Cologne, Alemanha
Fonte: Wikimedia Commons

 

Grande expoente da literatura japonesa contemporânea, Kenzaburo Oe nasceu na província de Ehime, em 31 de janeiro de 1935. Licenciou-se em Literatura Francesa pela Universidade de Tóquio, em 1954. Em 1957, começou a publicar seus primeiros textos em revistas literárias. Recebeu o Prêmio Akutagawa, em 1958, pelo conto 『飼育』 (Animal de cria), traduzido para o português e disponível no livro “Contos de Oe Kenzaburo”, publicado pela USP em 1995. E, em 1994, foi laureado com o Prêmio Nobel de literatura.

O escritor passou a maior parte da infância no ambiente hostil provocado pela guerra contra os aliados, culminando na morte do pai ao combater no Pacífico em 1944. A mãe tornou-se a sua principal fonte de educação, que apresentou a ele As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain, e A Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson, cujo impacto o marcou profundamente.

Seus romances, contos, ensaios retratam com frequência as temáticas do não-conformismo social, do choque cultural, do existencialismo, do isolamento individual e social no Japão moderno, além de refletir sob diferentes óticas a convivência com seu filho mais velho, Hikari, nascido em 1963 com problemas neurológicos que dificultavam sua comunicação.

Suas obras são ainda fortemente influenciadas pela literatura e crítica literária francesa e americana, são complexas e tratam de questões não apenas sociais, mas também políticas e filosóficas. Engajou-se politicamente em diferentes frentes, como em campanhas pacifistas e anti-nucleares, advogando o antimilitarismo, o pacifismo e o combate ao ultranacionalismo.

Outra característica importante de sua literatura é o recorrente uso de traços autobiográficos em seus trabalhos. Como ele mesmo ressaltou na entrevista dada a Folha de S. Paulo em abril de 2004:

“Folha – O sr. declarou há muitos anos que o fundamental de seu estilo “sai de questões pessoais e depois faz a ligação com a sociedade, o Estado e o mundo”. Quão pessoal é a literatura do sr. hoje?
Oe – Mais do que o mundo, o objetivo final é o cosmos. O ponto de partida, porém, são sempre eu e minhas divagações particulares. Na minha opinião, a literatura deve ser muito pessoal, acima de tudo pessoal.

 


 

   

 

 

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