André Mehmari (Piano)

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Neste nono programa da série de concertos solos “Música no Castelo”, apresentaremos o piano, com o pianista, arranjador e compositor André Mehmari. Este instrumento é muito conhecido em todas as culturas, mas possui uma história que pode nos surpreender.

 

 

O Piano

O ancestral do piano foi um monocórdio, isso mesmo, um instrumento de uma só corda.

Os instrumentos podem ser divididos em três categorias baseadas e como eles produzem os sons. As categorias são os instrumentos de corda, sopro e percussão.

O ancestral do piano pode ser rastreado por vários instrumentos, tais como clavicórdio, clavecino e saltério. Mas se fosse rastreado até mesmo depois disso, alguém consideraria que o piano é descendente do monocórdio em outras palavras e baseado em sua ancestralidade o piano pode ser classificado como um instrumento de corda.

 

 

Embora o piano possa ser classificado como um instrumento de corda devido ao fato que os sons vêm das vibrações das cordas, pode ser também classificado como um instrumento de percussão porque o martelo bate nas cordas, pode-se dizer que o piano tem o mesmo mecanismo de um “saltério”.

O saltério é um instrumento que originou-se no Oriente Médio e se espalhou na Europa no século XI e caracteriza-se por uma caixa simples de ressonância com cordas esticadas na parte superior. Parecido com o piano, um pequeno martelo é usado para bater nas cordas, que é a razão pela qual o saltério é considerado o ancestral direto do piano.

 

Saltério

 

O piano é também considerado uma parte da família da mesa de som. A história dos instrumentos com mesa de som data de muito tempo e origina-se do órgão, que envia um disparo de ar pela tubulação para produzir o som. Os artesãos melhoraram o órgão para desenvolver um instrumento que foi um passo mais próximo do piano, o clavicórdio.

O clavicórdio primeiro apareceu no século XIV e tornou-se popular durante a era do Renascimento. Pressionar uma tecla que leva a uma haste de bronze, chamada tangente, para bater na corda e causar vibrações que emitem som acima de uma faixa de quatro a cinco oitavas. O clavicórdio se tornou um instrumento inspirador para o desenvolvimento do piano moderno.

 

Clavecino

 

Mas antes do piano moderno ainda tivemos “clavecino” um instrumento muito parecido com o cravo, criado na Itália por volta de 1500, o clavecino mais tarde se disseminou na França, Alemanha, Flandres e Inglaterra. Quando uma tecla é pressionada, um espectro ligado a uma corda longa de madeira chato de conector dedilha a corda para produzir som.

Este sistema de cordas e mesa de som, além da estrutura global do instrumento parece com aquela que pode ser encontrada em um piano.

O piano foi inventado por Bartolomeo Cristofori (1655-1731) na Itália. Cristofori estava insatisfeito com a falta de controle que os músicos tinham acima do nível de volume do clavecino, ele reconheceu que a alteração do mecanismo de dedilhamento com um martelo criaria o piano moderno no ano de 1709.

Na verdade, o instrumento foi primeiro denominado “clavicembalo col piano e forte” (literalmente, um clavecino que pode tocar ruídos suaves e altos). Isso foi reduzido para o nome comum agora, “piano”.

O piano a partir de então tem várias alterações para poder aperfeiçoar seu projeto original até chegarmos ao piano moderno que conhecemos hoje. O piano torna-se objeto de desejo de vários compositores e instrumentistas pelo seu recurso sonoros e timbristicos.

 

 

Desde os primeiros concertos para piano e orquestra peças solos e estudos tanto no  universo popular e jazzístico o piano se torna  a principal ferramenta de composição musical.

No Japão a história do piano tem como data importante o ano 1887, a abertura da fábrica de piano e órgão Nippon Gakki que posteriormente se nominaria Yamaha, também temos os piano Kawai e marcas menores, muito difundido no Japão, diz-se que quase todas as casas tem seu piano de armário.

Hoje o Japão conta com importantes nomes no cenário internacional no gênero erudito e jazzístico.

No Brasil, o piano chega no século XIX, mas os primeiros registros fonográficos são datados da primeira década do século XX.

Chiquinha Gonzaga foi um das primeiras interpretes do piano brasileiro seguida de grandes nomes Ernesto Nazareth e muitos outros.

O nosso convidado o pianista, arranjador é compositor André Mehmari, um grande exemplo da diversidade pianistica e musical no Brasil.

 

André Mehmari

Pianista, arranjador e compositor, nasceu na cidade de Niterói (RJ), em 22 de abril de 1977. Considerado pela crítica ‘um artista singular de imaginação vibrante e generosa’, Mehmari teve seus primeiros contatos com a música através de sua mãe, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.  Mudou-se para a capital em 1995, quando ingressou no curso de piano da ECA-USP.

 

 

Compositor prolífico e requisitado, apontado como um dos mais originais e completos músicos brasileiros de sua geração, foi premiado tanto na área erudita quanto popular. Suas composições e arranjos foram tocados por grupos orquestrais e de câmara, entre eles OSESP, OSB, Filarmônica de Minas Gerais, Miami Symphony, Orchestre de Normandie, Quarteto da Cidade de São Paulo e Quinteto Villa-Lobos.

Recentes trabalhos incluem obras para o violoncelista Antônio Meneses e a trilha sonora da primeira série brasileira produzida para a plataforma Netflix.

Além de uma vasta e premiada discografia, Mehmari possui ativa carreira internacional como solista. Criou duos expressivos ao lado de músicos como Antonio Meneses, Mário Laginha, Gabriele Mirabassi, Antonio Loureiro, Danilo Brito, Maria João, Hamilton de Holanda, Marilia Vargas, Ná Ozzetti, Maria Bethânia e Mônica Salmaso.

Apresentou-se em países como Itália, Estados Unidos, Japão, China, Canadá, Argentina, Chile, Equador, Colômbia, Guiana Francesa, Noruega, Holanda, Finlândia, Suíça, Luxemburgo, Alemanha, França, Áustria, Irlanda, Bélgica, Portugal, Espanha, Dinamarca e Angola, além de todos os principais festivais brasileiros, e em espaços como Salle Gaveau (Paris), Kennedy Center (Washington), Lincoln Center (Nova Iorque), Umbria Jazz, Sala São Paulo e Sala Cecilia Meirelles, entre muitos outros.

 

As Músicas

André, que ja fez várias viagens para o Japão, sempre levou em sua bagagem musical estes dois lindos temas e compôs esta versão original para piano solo especialmente para a série “Música no Castelo” em maio de 2020 em meio ao isolamento social que fomos acometidos.
Kojo no tsuki (O luar no castelo em ruínas) -Rentaro Taki- e Furusato (Terra natal) -Teiichi Okano- Tema e variações – arranjo de André Mehmari.

 

Kojo no Tsuki

Composição de 1901, foi inspirada nas ruínas do Castelo Oka e a letra escrita por Bansui Doi e foi inspirada nas ruínas dos castelos Aoba e Aizuwakamatsu.

春高楼(こうろう)の花の宴(えん)
巡る盃(さかづき)影さして
千代の松が枝(え)分け出(い)でし
昔の光今いずこ

秋陣営の霜の色
鳴きゆく雁(かり)の数見せて
植うる剣(つるぎ)に照り沿いし
昔の光今いずこ

今荒城の夜半(よわ)の月
変わらぬ光誰(た)がためぞ
垣に残るはただ葛(かずら)
松に歌(うと)うはただ嵐(あらし)

天上影は変わらねど
栄枯(えいこ)は移る世の姿
映(うつ)さんとてか今も尚
ああ荒城の夜半の月

 

Haru koro no hana no en
Meguru sakazuki kagesashite
Chiyo no matsu ga e wakeideshi
Mukashi no hikari Ima izuko

Aki jinei no schimo no iro
Nakiyuku kari no kazu misete
Uuru tsurugi ni terisoishi
Mukashi no hikari ima izuko

Ima kojo no yowa no tsuki
Kawaranu hikari ta ga tame zo
Kaki ni nokoru wa tada kazura
Matsu ni uto wa tada arashi

Tenjokage wa kawaranedo
Eiko wa utsuru yo no sugata
Utsusan toteka ima mo nao
Ah! Kojo no yowa no tsuki

 

Festa florida na primavera no alto do castelo
Xícaras de saquê foram distribuídas
Iluminado pelo luar através dos velhos ramos de pinheiro
Onde está aquele velho luar agora?

O acampamento no outono era branco coberto de geada
Vários gansos grasnaram enquanto voavam pelo céu
A luz da lua brilhou nas espadas colocadas eretas no chão
Onde está aquele velho luar agora?

Agora à meia-noite a lua está logo acima
Para quem brilha como no passado?
Nada permanece na muralha, mas um pouco de hera
Nada para ouvir, exceto o farfalhar de galhos de pinheiro na tempestade

No céu, a lua e as estrelas permanecem inalteradas
Mas na vida terrena, sobe e desce vem e vai
A lua está pendurada lá para refletir essas mudanças?
Ah! A lua da meia-noite sobre o castelo em ruínas


Furusato

Composição de 1914, com letra de Tatsuyuki Takano, descreve uma pessoa que esta trabalhando em uma terra distante expressando seus sentimentos de nostalgia pelas colinas e campos de sua casa da infância.

兎追いし 彼の山
小鮒釣りし 彼の川
夢は今も 巡りて
忘れ難き 故郷

如何にいます 父母
恙無しや 友がき
雨に風に つけても
思い出づる 故郷

志を 果たして
いつの日にか 帰らん
山は靑き 故郷
水は淸き 故郷

 

Usagi oishi ka no yama
Ko-buna tsurishi ka no kawa
Yume wa ima mo megurite
Wasure-gataki furusato

Ika ni imasu chichi-haha
Tsutsuganashi ya tomogaki
Ame ni, kaze ni tsukete mo
Omoi-izuru furusato

Kokorozashi o hata shite
Itsu no hi ni ka kaeran
Yama wa aoki furusato
Mizu wa kiyoki furusato

 

Eu persegui coelhos naquela montanha.
Pesquei peixinhos naquele rio.
Eu ainda sonho com aqueles dias até agora.
Oh, como sinto falta da minha antiga casa de campo.

Pai e mãe – eles estão bem?
Está tudo bem com meus velhos amigos?
Quando a chuva cai, quando o vento sopra.
Eu paro e me lembro de minha antiga casa de campo.

Algum dia, quando eu tiver feito o que me propus a fazer.
Eu voltarei para casa um dia desses.
Onde as montanhas são verdes, minha antiga casa de campo.
Onde as águas são claras, minha antiga casa de campo.

 

Assista a apresentação do André Mehmari no projeto Música no Castelo.

 

 

Música no Castelo