Yoko Nishi (Koto)

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Nesta oitava edição da série de concertos solos “Música no Castelo”, teremos de volta o nobre instrumento koto, um instrumento com muitos recursos técnicos e timbrísticos, que foram se desenvolvendo através dos anos. Compositores e intérpretes criaram novos repertórios musicais para o instrumento tradicional, como é o caso deste concerto, no qual o compositor Tadao Sawai e Yoko Nishi trazem uma visão  de um universo moderno e contemporâneo.

 

 

A harpa horizontal japonesa, ou uma grande cítara, já passou pelo projeto tocada pela professora Tamie Kitahara, no segundo concerto da série, trazendo peças do repertório clássico da música japonesa.

 

O koto

O koto moderno tem treze cordas que podem ser de seda ou nylon. As cordas são afinadas através de trastes móveis, que permitem a mudança de afinação durante a execução da música.

 

 

O corpo é formado por duas pranchas de Kiri, a árvore da imperatriz, com aproximadamente 180 centímetros, formando uma caixa de ressonância. Existem variações no instrumento, como o koto de dezessete cordas, idealizado por Michio Miyagui, que teremos a oportunidade de ouvir na música “O luar sobre o mar”. Esta composição, de Yoko Nishi, será executada nesse koto de 17 cordas, que também tem a função de fazer o baixo das músicas. Há, ainda, outros modelos com 21 e com 80 cordas. A maioria das pessoas que tocam o koto são mulheres, pelo fato de seu som ser suave e gentil, considerado um som mais doce. Isso nao significa que não haja homens que tocam o instrumento, não existe preconceito em relação a isso. Por exemplo no nosso concerto da série “Música no Castelo” teremos uma composição de um professor e intérprete de koto Tadao Sawai. Atualmente o número de homens que tocam koto aumentou consideravelmente.

 

 

Durante séculos, a música de koto foi cultivada pela nobreza. No século 17, quando a popularidade do instrumento decolou, Yatsuhashi Kengyo fundou um estilo independente, o Yatsuhashi Ryu. Em 1664, foi impresso um livro escrito por Sosan Nakamura, Shichiku Shoshin Shu, no qual constam as partituras das principais músicas de Yatsuhashi Kengyo, Rokudan no Shirabe, Hachidan no Shirabe e Midare, executadas até hoje. Yatsuhashi criou as afinações consideradas as mais tradicionais para o koto, o Hira e o Kumoi. Naquele século, ainda, houve a popularização do instrumento como acompanhamento de dança e como conjunto, formado juntamente com shakuhachi e sangen.

Atualmente, existem duas correntes, a Ikuta Ryu e a Yamada Ryu. A escola Ikuta foi fundada por Ikuta Kengyo (1757 a 1817), no final do século 17, baseada na transposição das fórmulas existentes do shamisen (sangen) para o koto, principalmente na alternância de cantos com instrumentais originados do Jiuta. A característica fundamental desta escola está em sua ênfase nas técnicas instrumentais.

 

 

No final do século 18, surgiu a escola Yamada, fundada por Yamada Kengyo (1757 a 1817), baseada em narrativas, com mais destaque ao canto. Apesar de algumas peças do repertório em comum, os estilos se diferem em sua orientação, na técnica e no estilo de execução. O formato da unha é diferente. O estilo Ikuta usa o formato retangular, enquanto o estilo Yamada adota a forma oval, levando os instrumentistas a sentarem de maneira diferente com relação ao instrumento. O instrumentista da escola Ikuta senta num ângulo oblíquo enquanto o da escola Yamada senta em ângulo reto. A posição que a mão toca as cordas também difere; a escola Ikuta toca com a mão inclinada em relação às cordas e a escola Yamada toca com a mão na posição vertical.

 

Yoko Nishi

Natural da cidade de Wakayama, no Japão, Yoko Nishi transita tanto no repertório tradicional, quanto contemporâneo de koto. Iniciou seu aprendizado no estilo Ikuta, aos quatro anos de idade, sob a tutela dos músicos e compositores Tadao Sawai e Kazue Sawai.

 

 

Em 1980, aos 16 anos, foi premiada no concurso de Sankyoku. Ao se graduar na Tokyo University of the Arts, apresentou-se no Palácio Imperial como representante da universidade em evento organizado pela Agência da Casa Imperial. Em 1993, tornou-se trainee de arte para a Agência de Assuntos Culturais e deu seu primeiro recital solo em Tóquio. A partir de 2008, apresentou-se em festivais internacionais ao redor do mundo, incluindo países como Suíça, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, China, Hungria e Lituânia.

Em 2013, lançou o álbum “The Magic Dragon”, um trabalho de canções próprias. Do ponto de vista mais fundamental entre a tradição e a modernidade, olha para o koto e persegue a música com pensamentos livres e sensibilidade. Vem promovendo o intercâmbio internacional de música de koto e atividades intimamente relacionadas com a área e sua província natal. Suas atividades de criação e ensino de koto são divulgadas em uma nova forma, podendo se conectar profundamente com o mundo e a sociedade.

 

 

Yoko Nishi tem uma relação especial com o Brasil, onde já realizou diversos concertos e master classes, tendo incluído em seu repertório de koto o gênero choro. Desenvolveu, a partir daí, uma nova escola de tocar koto, em comunhão com um estilo genuinamente brasileiro.

 

As Músicas

 

Gaku

(Tadao Sawai)

É uma obra composta em 1988, com três movimentos:

  1.  Mukyudo (movimento perpétuo)
  2.  Hensokyoku (variações)
  3.  Rondo

“Apreciamos o som,  seu ritmo, como a fluidez de um bailar solto. A música, com sua beleza e leveza, por vezes vibra através de intensas emoções que percorrem o corpo”, descreve o autor.

 

 

O compositor, Tadao Sawai (1937-1997), sob a  influência de seu pai, que apreciava o shakuhachi, iniciou-se na arte desde jovem e concluiu a graduação  de koto no Departamento de Música da Universidade de Belas Artes de Tóquio. Sua técnica vívida e o som de grande beleza estão presentes na performance poética e intensa, que transita livremente entre o movimento e a quietude que conquistaram o mundo.

Como compositor, com raízes na tradição da música japonesa, inova através de muitas obras versáteis, influenciadas pela música contemporânea do século 20.

Tadao Sawai mostra, por meio de suas composições, toda a versatilidade que o koto pode ter em um repertório moderno, usando técnicas que não encontramos no repertório tradicional e clássico.

 

 

The Sea in a Moonlight Night (O mar em uma noite de luar)

(Yoko Nishi)

Apresentado pela primeira vez na Expo 2010 Shangai, em junho de 2010.
Numa noite de verão, caminhei sobre a areia na praia de Okinawa.
A lua, neste dia, brilhava de forma excepcionalmente bela.
O brilho da lua se esparrama pelo mar, como uma eterna ponte sobre as ondas.

Escrevi um poema baseado numa fábula e compus esta música:

 

Noite azul
Mar quieto
Lágrimas douradas derramadas pela lua
O tempo para
As gotas correm sobre as ondas
A ponte de luz descende e a porta se abre
Dê as mãos, sorria para o além

 

Assista a apresentação de Yoko Nishi no projeto Música no Castelo.