Diogo Kaupatez – Na zona leste do planeta
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“Olá. Somos da Ichimannendo, uma editora japonesa voltada a assuntos budistas. Recém inauguramos a filial brasileira, chamada Satry, e buscamos tradutores para nosso acervo. Teria interesse em participar do processo seletivo?”
Deles, traduzi A bagagem dos viajantes: histórias de ética e sabedoria, De mãos dadas no caminho: os laços entre pais e filho e A arte da empatia: a consideração ao próximo, os três do Koichi Kimura. Trata-se de fábulas ocidentais, trechos de biografias de personagens históricos e lendas japonesas que, de alguma forma, refletissem valores budistas.
A Satry também acabou por fechar as portas. A teoria do dedo podre começava a ganhar forças — e a preocupar.
No entanto, em 2015 recebi um último convite, dessa vez para traduzir Manual de limpeza de um monge budista, do Keisuke Matsumoto, obra escolhida pela editora Planeta para aproveitar a febre por faxinas e arrumações iniciada pela Marie Kondo.
A Planeta ainda está operacional. Ufa. A culpa não era minha, afinal.
Comentei que o contato com a editora Satry mudou a minha vida. Isso porque, da relação profissional, surgiu o convite para conhecer a matriz, localizada na província de Toyama, onde permaneci praticamente um ano e descobri sabores de Pringles e Häagen-Dasz jamais imaginados. Entretanto, a grande mudança não foi causada pelas batatas ou sorvetes. É que, durante a estadia, resolvi me libertar das restrições impostas ao ofício de tradutor e ampliar as atribuições da minha pessoa jurídica, transformando-me em editor de livros.