Felipe Monte – O começo de tudo: O fascínio pelos Defensores de Atena

Tradução em Foco > Felipe Monte

 

O começo de tudo: O fascínio pelos Defensores de Atena

 

Para grande parte das pessoas da minha geração que ainda são entusiastas dos animes e mangás, é possível saber o dia exato em que fomos capturados pra esse mundo: 1 de Setembro de 1994, o dia da estreia de Cavaleiros do Zodíaco na extinta TV manchete.

Apesar de eu também adorar as séries de Tokusatsu que foram exibidas antes (o “tsuzuku” no fim dos episódios é certamente a primeira palavra japonesa que “aprendi” antes mesmo de saber o que ela significava), com 10 anos de idade recém feitos, as aventuras do Defensores da Deusa Atena com sua combinação de mitologia grega, constelações e uma dose saudável de violência, me cativaram por completo e carimbaram meu passaporte pra cultura pop japonesa. Ainda hoje eu nutro um carinho muito nostálgico pela história criada por Masami Kurumada justamente por tudo que ela me levou a conhecer.

O mega sucesso de Cavaleiros do Zodíaco fez com que os animes explodissem novamente em popularidade no Brasil e levasse a criação de diversas revistas especializadas em cultura pop no geral (mas que falavam primordialmente de Cavaleiros do Zodíaco). Foi através delas que fui me aprofundando mais e mais sobre o que eram os animes e mangás produzidos no Japão. Eu guardo até hoje com muito carinho algumas edições das revistas Herói e Animax, que numa época de acesso escasso a internet, eram verdadeiras bíblias pra uma criança cada vez mais interessada nesse assunto. Diferente de São Paulo, no Rio de Janeiro, o contato com qualquer material em japonês nessa época era muito difícil.

Conforme eu ia crescendo e mais e mais animes iam sendo exibidos na TV brasileira (muitos que eu tenho gravados até hoje em fitas VHS) o meu fascínio foi aumentando cada vez mais e cogitar a aprender a língua japonesa foi um próximo passo natural a ser dado. Eu tive muita sorte de sempre ter sido incentivado pela minha família a seguir curtindo as coisas que eu gostava, especialmente o meu pai. Um dia ele chegou em casa com dois CD’s de uma banda de rock progressivo japonesa chamada Pageant. Eu não gostava de rock progressivo, mas gostava de qualquer coisa que estivesse em japonês e adorei o presente e até hoje nós escutamos essas músicas.

 

Foto: Felipe Monte

 

Meus estudos na língua começaram justamente quando o mercado de mangás aqui no Brasil começou a crescer de verdade com o lançamento de mangás pelas editoras Conrad e JBC. Eu que desde muito criança fui um leitor voraz, me vi muito mais encantado pelas páginas dos mangás do que pelos frames dos animes, então, por que não aprender logo japonês pra lê-los no original?

Foi assim que abandonei as tabelinhas de furigana e katakana presentes em muitas dessas revistas especializadas e me matriculei no curso básico de japonês no Instituto Cultural Brasil Japão onde fiquei até 2004. Logo após eu entrei pra a graduação de Letras Português-Japonês na Universidade Federal do Rio de Janeiro e me considero estudando japonês até hoje.

 

 


 

Felipe Monte

Apaixonado pela cultura pop japonesa desde criança, começou sua carreira dando aulas de japonês em cursos de idiomas além de trabalhos de consultoria na língua, como para a TV Globo em 2012. Iniciou seu trabalho como tradutor de mangás em 2013 para o selo Planet Mangá da Editora Panini onde continua até hoje. Já traduziu e segue traduzindo títulos de expressão como Naruto, Tutor Hitman Reborn , Mob Psycho 100, Chainsaw Man, Demon Slayer, One Piece e muitos outros.

 

 


 

 2. O interesse por tradução e os primeiros trabalhos >>

 [ 1 ]234

*Os usos de imagens e conteúdos desta página são exclusivamente para fins educacionais e de divulgação de cultura japonesa, sem fins comerciais.