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A FJSP e a Cinemateca Brasileira apresentam: Retrospectiva Kinuyo Tanaka

Publicado por beatriz em Arte e Cultura 27/11/2024

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Entre os dias 28 de novembro e 1 de dezembro de 2024, a Cinemateca Brasileira e a Fundação Japão apresentam uma retrospectiva dedicada à pioneira cineasta e célebre atriz do cinema japonês Kinuyo Tanaka. Serão apresentados ao público seis longas-metragens, todos restaurados, e uma exposição sobre sua vida e obra, que destacam sua marcante atuação à frente e atrás das câmeras. 

Com a exibição de cinco dos seis longas-metragens que dirigiu, um que atuou, além da exposição em cartaz no foyer Oscarito, a mostra e a exposição procuram ressaltar não só a inesquecível carreira de Kinuyo Tanaka como atriz, mas sobretudo sua precursora atuação como cineasta.  

 

A entrada é gratuita, com distribuição de ingressos uma hora antes da sessão.

 

Confira a programação completa no site da Cinemateca Brasileira clicando aqui.

 

Sobre a diretora

Nascida em 1909 em Shimonoseki, Yamaguchi, Kinuyo se envolveu com as artes muito nova e estreou no cinema como atriz aos 14 anos em uma produção dos Estúdios Shochiku, com o qual estaria associada pelas próximas duas décadas. Nesse período, atuou em dezenas de filmes, inclusive de renomados diretores como Yasujiro Ozu, Hiroshi Shimizu (com quem teve um relacionamento), Keisuke Kinoshita, Kon Ichikawa, Akira Kuroswa e Kenji Mizoguchi. 

Em sua vasta carreira como atriz, suas personagens acompanharam as mudanças da sociedade japonesa em relação às mulheres: no início, transitou tanto pelos papeis de interesse amoroso quanto de garotas modernas (modan gāru), arquétipo popular nos anos 1920; nos períodos de guerra (1931-1945), muitas vezes incorporou o ideal feminino de “boa esposa, sábia mãe” (ryōsai kenbo); nos pós-guerra, contexto de promoção da democracia e de discussões sobre os direitos das mulheres, interpretou personagens desafiadoras, complexas ou ambíguas, mais notadamente nos filmes de Mizoguchi – um deles, O intendente Sansho (1954), integra a mostra. 

O clima do pós-guerra e os novos espaços que as mulheres começaram a ocupar na sociedade japonesa influenciaram fortemente a decisão de Kinuyo em se tornar diretora. Com o auxílio de sua grande rede de contatos com estúdios e de seus colegas cineastas – apesar da oposição de alguns, como do próprio Mizoguchi –, ela se tornou a segunda mulher a dirigir um filme na história do Japão. Em uma indústria dominada por homens, estabeleceu conexões com produtoras, roteiristas e outras profissionais mulheres, o que permitiu o florescimento de uma autoria feminina no cinema japonês da época. 

Os filmes dirigidos por Kinuyo Tanaka são marcados pelo melodrama, gênero intimamente ligado aos seus papéis como atriz. No entanto, seu enfoque vai além disso: ela explora personagens femininas e as complexas relações de gênero no Japão, sempre apresentando suas personagens de forma realista, humana e com um olhar libertador.