Stéphanie Havir de Almeida – Um mergulho nas belezas da cultura japonesa através da tradução literária infantil
Tradução em Foco > Stéphanie Havir de Almeida
Do amor à língua e cultura orientais à tradução literária
Como toda adolescente “otaku”, tinha grande afeição por animes e doramas e almejava um contato mais próximo com esse universo. Foi aos 14 anos que, a convite de um colega descendente de japoneses, me matriculei em aulas de língua japonesa em uma escola infantil no bairro da Liberdade.
Lá passei várias tardes agradáveis na companhia de crianças provenientes de famílias japonesas, provando um pouco da cultura, dos costumes e aprendendo katakana, hiragana e kanjis básicos com a Noemi Sensei, que se tornou uma amiga querida até os dias de hoje.
Sendo a única não-oriental da escola e uma das mais velhas, afinal de contas tratava-se de um jardim de infância, sob orientação da Sensei, passei a ter aulas de japonês no Bunkyo, também no bairro da Liberdade.
Lá passei longos e gostosos anos aprendendo a língua japonesa pelo então método Ezoe, até me formar no nível avançado. O último ano de estudo no “Bunka”, como chamava carinhosamente, foi combinado com estudos para o vestibular e a certeza da graduação que cursaria: Letras com habilitação em língua e literatura japonesa na USP.
E assim ocorreu.
Transferi os estudos de japonês para a USP e lá conclui minha graduação, tendo tido a oportunidade de conhecer diversos professores maravilhosos de diversas línguas orientais pelas quais sou apaixonada: japonês, chinês, coreano, armênio…
Em especial, uma professora da cadeira de Literatura Japonesa marcou minha graduação pelas histórias de superação, pela bondade e paciência com que ensinava os alunos e os encorajava. A caríssima professora Lica Hashimoto foi quem despertou em mim a vontade de trabalhar com tradução literária, pois à época ela havia sido selecionada no rigoroso processo para escolha do tradutor oficial da trilogia “1Q84”, do brilhante Haruki Murakami, e nos contava das alegrias e dificuldades da tradução do japonês para o português.
Com esse sonho em mente e inspirada por essa professora foi que surgiram, em 2013 e 2015, as oportunidades de traduzir as encantadoras obras infantis de Taro Gomi e Taro Miura, a partir do convite de um amigo da Berlendis & Vertecchia Editores. Ainda na faculdade, durante o curso da disciplina de Estudos Tradutológicos, também tive a oportunidade de publicar o artigo “Hero” – Mariah Carey: tradução musicocêntrica ou logocêntrica para o japonês? no primeiro volume da revista de Estudos Tradutológicos do CITRAT/USP.
Brasileira, descendente de armênios, tchecos, italianos e portugueses, desde pequena é encantada pela língua, cultura e literatura orientais. Bacharel em Letras/Japonês, pela USP, optou posteriormente pela advocacia como profissão, mas guarda e leva consigo a riqueza e a humanidade que só o contato com outras línguas, culturas e pessoas é capaz de proporcionar ao espírito.
2. Literatura como ferramenta de educação cultural >>