Agenda
A Fundação Japão promove no canal do YouTube, a série “WAGEI, a arte da expressão verbal”
Publicado por mimi em Arte e Cultura Língua Japonesa 13/04/2022
WAGEI
A denominação WAGEI refere-se à arte da expressão verbal de histórias com algum enredo, provocando emoções e/ou risos. Na técnica de expressar as palavras oralmente como Arte, existem variados métodos adotados tais como os diálogos interativos, a recitação, a entonação, sendo estes, artifícios incorporados pelos artistas de acordo com suas peculiaridades e originalidade, tendo como intuito, aprimorar a interpretação das narrativas de RAKUGO, KŌDAN e RŌKYOKU, que constituem o gênero.
Artes de contar, de ler e de narrar
RAKUGO é a arte「de contar」.
¨Contar¨ aqui se define como a ação de transmitir verbalmente um determinado conteúdo para o interlocutor. Ao se expressar oralmente, para provocar o riso do interlocutor é preciso que o ¨contador¨ descreva as características dos personagens minuciosamente, focando na expressão das falas dos mesmos e por vezes, com apelo visual fazendo uso de gesticulações para que a interpretação cause a reação efetivamente. O método básico de expressão de RAKUGO, vale-se não só da audição do interlocutor, como também da visão do mesmo.
KŌDAN é a arte 「de ler」.
Em princípio, denomina-se ¨ler¨ como um ato que requer algo escrito para que se possa fazer a leitura em voz alta ou declamar. Para se ensinar História, considerava-se que o melhor método era se fazer a leitura dos conteúdos de forma ordenada e lógica para os interlocutores, tornando-se a forma de expressão narrativa peculiar de KŌDAN. A narrativa KŌDAN é interpretada tendo à frente uma ‘shakudai’, mesinha de apoio, e ainda hoje, quando se faz a interpretação de temas épicos de feitos de guerra, o roteiro a ser lido é colocado sobre a mesma. Além da função primária como mesinha, a shakudai serve para emitir som ao ser golpeado pelo ‘hariōgi’(um tipo de leque fechado e encapado). Pode-se dizer que na arte do KŌDAN, apela-se mais fortemente à audição do interlocutor.
RŌKYOKU é a arte do「narrar」.
Denominamos ¨narrar¨ como a expressão das palavras recitadas com entonação, artifício utilizado para dar ênfase ao calor das emoções e à atmosfera onde pairam os sentimentos. A narrativa se foca fortemente no apelo às emoções do interlocutor, e ao se agregar o som instrumental do ‘shamisen’, a expressão é ainda mais enriquecida. Assim se constitui a arte narrativa RŌKYOKU.
A arte japonesa de contação de histórias, através de desenhos
Já o kamishibai, literalmente “teatro de papel”, é uma arte japonesa de contação de histórias, que utiliza desenhos. Há teorias que ligam sua origem aos emaki, que são rolos ilustrados de papel ou seda. O Emaki de Genji Monogatari, do século XII, uma cena sugestiva chama a atenção, um personagem enquanto escuta o narrador, observa os desenhos. Ainda segundo essas teorias, os emaki dos templos budistas, pelo seu formato, também podem ser considerados como kamishibai, remontando assim a sua história desde o Período Heian (794-1185) até os dias atuais.
O formato do kamishibai que conhecemos hoje surgiu em torno de 1930. No início do Período Showa (1926-1989), foram desenvolvidas políticas para educação infantil com base na cultura e entretenimento, centrada nas artes literárias e artísticas, como teatro de marionetes, contos e cantigas infantis, revistas para meninos e meninas. Mas, somente uma pequena parcela das crianças, as mais abastadas, tinham acesso. Em contraponto, o kamishibai era um dos poucos entretenimentos acessíveis para as crianças da população em geral.
O encontro do Wagei com as artes visuais
No tempo em que o cinema silencioso era também conhecido como ‘Katsudo Shashin’ (Imagens em Movimento) no Japão, narradores denominados ‘Katsudo Benshi’ conduziam com maestria a narração da história e dos diálogos do filme. Teve um papel importante para completar todo o esplendor do cinema silencioso no Japão. Seu declínio chegou com a popularização dos filmes falados.
Além das artes tradicionais, o ‘seiyu’ ( dubladores) presente principalmente nos animes e mais recentemente também nos games são um breve exemplo da forma em que a arte da narração também foi incorporada e se desenvolveu de forma bastante particular no Japão, diante os novos meios de entretenimento, que tem surgido ao longo dos tempos.
Sobretudo mantendo seu principal papel, a de transmitir sensações e emoções de forma única ao público através dos elementos da expressão verbal, como o volume, o ritmo e o tom.
Vamos conhecer algumas dessas artes
Deixe um comentário