Drik Sada – O norte da tradução
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Comecei a acompanhar a evolução do mercado brasileiro de mangás um pouco depois do começo. O mangá Dragon Ball (8) já estava no oitavo volume da edição brasileira, quando fui convidada pela antiga Editora Conrad a assumir a tradução. Meu nome só aparece nos créditos a partir do volume 9. Antes, parece que a tradução era feita a partir de uma versão francesa ou espanhola e sofria alguns desvios, pois trechos da tradução já estavam culturalmente adaptados para o público-alvo europeu.
Foram os editores da época, Cassius Medauar (atualmente na Nova Editora Conrad) e Sidney Gusman (atualmente na Maurício de Sousa Produções) (9), que captaram a necessidade de resgatar o original japonês. Só digo que o serviço foi divertidíssimo, desde o começo.
Esses dois editores me ensinaram todo o processo de tradução e edição de um mangá, que abrange desde a preparação do original, numerando os balões para o letreirista se localizar, até o planejamento de linguagem e jargões de personagens etc. Eles até me permitiram participar de algumas decisões sobre o conteúdo. E, claro, não faltaram erros gramaticais e de ortografia que só consegui corrigir graças aos puxões de orelha deles.
Acima de tudo, era uma delícia atendê-los, porque o sorriso que os dois abriam quando eu chegava para entregar a tradução (naquela época, gravada em disquetes) era genuíno, de alguém que esperava ansiosamente por aquelas páginas, não por causa do serviço, mas sim porque queriam ler a continuação da história. As reações do Sidney com as traduções de One Piece (10), por exemplo, eram as melhores. A empolgação dele, lendo, rindo e comentando, me faziam querer traduzir mais rápido, só para poder entregar e ver, de novo, o contentamento dos dois.
Claro que a maioria dos editores de quadrinhos com quem trabalhei possuem essa alegria, em maior ou menor grau. Mas, a minha sorte foi ter tido um Cassius e um Sidney como meus primeiros “leitores”, com seu grau máximo de empolgação quando se trata de HQ.
Desde então, arrancar um sorriso de orelha a orelha de quem lê o meu texto se tornou o norte da minha tradução.
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