Drik Sada – O pós-pandemia da tradução de mangás

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Lendo mangás ambientados no pós-guerra do Japão, reparei que o entretenimento é um setor que se aviva nesses períodos. A Drifting Life in Gekiga, mangá autobiográfico de Yoshihiro Tatsumi (19), por exemplo, mostra como era o mercado editorial logo após a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial. Editoras que já sofriam pelo impacto da guerra, entraram em declínio e um outro tipo de modelo de negócio, muito mais dinâmico, entrou no lugar. Muitos achavam que mangás seriam a última coisa que o povo procuraria, mas, pelo contrário, o novo modelo e a necessidade de o povo ter uma válvula de escape acabaram por criar as bases para o sucesso dos mangás no Japão. Nesse livro de Tatsumi, de dois volumes, há muitas menções sobre o que as editoras da época fizeram para reagir à crise.

Vendo esses exemplos do passado, ouso ter esperanças de que, após a pandemia de 2020, tenhamos um grande boom da cultura de entretenimento. Com um destaque especial aos livros e quadrinhos, que são naturalmente uma diversão individual, que pode ser curtida com distanciamento físico e liberdade de voar longe, dentro da cabeça.

Acredito que todo tradutor é um ser simbiótico, flexível e camaleônico, capaz de se adaptar e sobreviver às adversidades do momento.

Hoje, eu passo os dias lendo mangás, pensando em formas de arrancar um sorriso de meus editores; passo noites bolando trocadilhos para arrancar risos dos leitores.

Se eu voltasse no tempo e dissesse para mim mesma, ainda criança, que teria uma vida assim, provavelmente, acharia graça, dizendo que isso só aconteceria se fosse no mundo dos mangás.

 


 

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