Eunice Suenaga – Shinjuku

Tradução em Foco > Shinjuku

 

Em dez minutos, cheguei à estação JR Shinjuku.

 

“Shinjuku é uma estação gigantesca. Quase três e meio milhões de pessoas passam todos os dias por ela. O Guinness Book reconheceu oficialmente que JR Shinjuku é a estação com maior número de passageiros do mundo. Várias linhas se cruzam dentro dela. Citando apenas as principais, temos: Chûo, Sôbu, Yamanote, Saikyô, Shônan Shinjuku e Narita Express. Seus trilhos se cruzam e se combinam de forma assustadoramente complexa. São dezesseis plataformas no total. Além disso, duas linhas privadas, Odakyû e Keiô, e três linhas de metrô se conectam a ela como se fossem cabos de tomadas. É um verdadeiro labirinto.” (p. 307)

 

Na estação de Shinjuku, Tsukuru gosta de observar trens:

 

“Tsukuru Tazaki gostava de observar a estação de Shinjuku.” (p. 310)

“Na estação de Shinjuku, ele compra o bilhete de entrada na máquina automática e geralmente sobe até as plataformas 9 e 10. É de onde partem os trens expressos da linha Chûo. São trens de longa distância com destino a Matsumoto ou Kôfu. Comparadas com outras plataformas, onde passam principalmente os assalariados, o número de passageiros é bem menor, e os trens não chegam nem partem com tanta frequência. Sentado num banco, é possível observar com calma o movimento da estação.” (p. 310)

 

Como faltavam mais de trinta minutos para o próximo trem para Matsumoto, resolvi procurar a provável empresa onde Tsukuru trabalha. No romance diz apenas que ele trabalha em uma companhia ferroviária cuja matriz fica em Shinjuku. Pelo mapa da estação, descobri que a matriz da Odakyu Electric Railway Co., Ltd., que opera na região oeste de Tóquio e em Kanagawa, fica próxima à saída oeste.

 

Shinjuku, Mode Gakuen Cocoon Tower e avenida ladeada de ginkgo. Foto © Eunice Suenaga

 

Ao sair pela saída oeste da estação e caminhar um pouco na avenida ladeada por ginkgo, Chuo-dori, surgiu à esquerda um prédio alto, oval e brilhante, Mode Gakuen Cocoon Tower, inspirado em um casulo (coccon) e que pertence a uma escola de moda, Tokyo Mode Gakuen. No outro lado da avenida, à direita, localiza-se o prédio Odakyu Meiji Yasuda Seimei, onde fica a matriz da Odakyu.

 

Shinjuku, matriz da Odakyu Electric Railway e Mode Gakuen Coccon Tower ao fundo. Foto © Eunice Suenaga

 

Dei-me por satisfeita com essa confirmação e voltei à estação JR Shinjuku. Na plataforma 10, o trem com destino a Matsumoto já estava a postos.

 

Na plataforma 9, o último trem expresso com destino a Matsumoto estava se preparando para sair, como sempre. O condutor verificava se não havia nenhum problema ao longo do trem, de forma habitual, mas com olhos atentos. O trem era o familiar modelo E257. Não era exuberante e vistoso como um trem-bala, mas ele simpatizava com sua forma firme e modesta. (p. 312)

Às nove em ponto, o expresso com destino a Matsumoto deixou a plataforma, conforme o previsto. Sentado no banco, ele continuou olhando até o fim, até que a luz se afastasse no trilho e o trem desaparecesse na noite de verão, ganhando velocidade. Depois que o último vagão desapareceu, houve um vazio súbito à sua volta. Parecia que a luz da própria cidade havia diminuído um grau. Como as luzes que se apagam no palco depois de terminada a peça. Ele se levantou e desceu devagar a escada. (p. 319)

 

O trem que eu vi partir saía da plataforma 10 e não da 9, numa tarde de outono, e não numa noite de verão, e o modelo do trem era E353, com uma forma mais moderna e imponente, e não E257. O número de passageiros também deveria ser bem menor devido à pandemia. Mas assim como Tsukuru Tazaki, fiquei observando o trem partir, o último vagão afastar-se da plataforma e a sua luz desaparecer no crepúsculo. E assim como Tsukuru, peguei o trem de volta para casa.

 

Shinjuku, expresso Azusa 33 com destino a Matsumoto. Foto © Eunice Suenaga

 

 


 

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